“Porque o reino do poeta... bem, não me venha dizer que não é deste mundo. Este e o outro mundo, o poeta não os delimita: unifica-os. O reino do poeta é uma espécie de Reino Unido do Céu e da Terra.”

Mario Quintana

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O poeta canta a si mesmo


O poeta canta a si mesmo
porque nele é que os olhos das amadas
têm esse brilho a um tempo inocente e perverso...

O poeta canta a si mesmo
porque num seu único verso
pende - lúcida, amarga -
uma gota fugida a esse mar incessante do tempo...

Porque o seu coração é uma porta batendo
a todos os ventos do universo.

Porque além de si mesmo ele não sabe nada
ou que Deus por nascer está tentando agora ansiosamente respirar
neste seu pobre ritmo disperso!

O poeta canta a si mesmo
porque de si mesmo é diverso.

(Esconderijos do Tempo)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Poema marciano número 2



Nós, os marcianos,
não sabemos nada de nada,
por isso descobrimos coisas
que
de tão visíveis
vocês poderiam até sentar em cima delas...
Não brinco! Não minto! Um dia, um de nós (Van Gogh)
pintou uma cadeira vulgar.
Umas dessas cadeiras de palha trançada...
Mas, quando a viram na tela, foi aquela espantação:
“Uma cadeira!” exclamaram.
“Uma cadeira? Não, a cadeira.
Tudo é singular
Até as Autoridades sabem disso...
Se não, me explica
por que iriam fazer tanta questão
das tuas impressões digitais?!

(Esconderijos do Tempo)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Os poemas

 
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
 
(Esconderijos do Tempo)