Na história da poesia brasileira, o bar desempenha um papel importante. Não só por causa da bebida, que para muitos artistas é o combustível da inspiração, como também pela convivência. Foi, por exemplo, no Villarino, bar do centro do Rio, que Vinícius propôs a Tom Jobim a primeira parceria,dando início a uma gloriosa trajetória. Mario Quintana, o nosso Mario, também frequentava bares. Mas no seu famoso poema Canção de bar temos uma visão tão insólita quanto comovente daquilo que pode representar um bar.
Começa assim:“Barzinho perdido / na noite fria / estrela e guia / na escuridão.” Pronto: está criado um clima, uma história. De imediato nos vemos em uma daquelas nevoentas noites do inverno portoalegrense. O poeta, quem sabe atormentado por seus fantasmas, vagueia sem rumo. Avista o bar, um pequeno estabelecimento, que de imediato se transforma em “estrela e guia”. Para lá se dirige, entra. E constata: “Que bem se fica! / Que bem! Que bem! / Tal como dentro / de uma apertada / quentinha mão...” E por que se sente bem? Por causa das figuras imaginárias que ali encontra: “Rosa, a da vida”, que talvez tenha iniciado o poeta, como era comum no Rio Grande de outrora; “E o Pedro Cachaça / com quem me assustavam / (O tempo que faz!)”; “E o Anto que viaja / pelo alto mar”.
Ali também estão os poetas – todos franceses – que fizeram a cabeça de Mario, como fizeram a cabeça de muitos outros: Verlaine, Rimbaud,Villon. No fim, tudo tem a ver com poesia, até mesmo a caninha, que, pretensamente pura, foi batizada com “a mais pura água”. O que ao poeta não incomoda; porque “...poesia pura / ai seu poeta irmão, / a poesia pura / não existe não!”. A poesia é coisa humana, e só pode existir em cenários humanos, como um barzinho perdido na noite fria. Por que se fica bem, ali? Que mão é essa, apertada e quente, na qual se aninha o recém-chegado? É a mão de Deus? Não, é a mão da poesia, no interior da qual Mario Quintana escreveu poemas que nos encantam e nos comovem.
Começa assim:“Barzinho perdido / na noite fria / estrela e guia / na escuridão.” Pronto: está criado um clima, uma história. De imediato nos vemos em uma daquelas nevoentas noites do inverno portoalegrense. O poeta, quem sabe atormentado por seus fantasmas, vagueia sem rumo. Avista o bar, um pequeno estabelecimento, que de imediato se transforma em “estrela e guia”. Para lá se dirige, entra. E constata: “Que bem se fica! / Que bem! Que bem! / Tal como dentro / de uma apertada / quentinha mão...” E por que se sente bem? Por causa das figuras imaginárias que ali encontra: “Rosa, a da vida”, que talvez tenha iniciado o poeta, como era comum no Rio Grande de outrora; “E o Pedro Cachaça / com quem me assustavam / (O tempo que faz!)”; “E o Anto que viaja / pelo alto mar”.
Ali também estão os poetas – todos franceses – que fizeram a cabeça de Mario, como fizeram a cabeça de muitos outros: Verlaine, Rimbaud,Villon. No fim, tudo tem a ver com poesia, até mesmo a caninha, que, pretensamente pura, foi batizada com “a mais pura água”. O que ao poeta não incomoda; porque “...poesia pura / ai seu poeta irmão, / a poesia pura / não existe não!”. A poesia é coisa humana, e só pode existir em cenários humanos, como um barzinho perdido na noite fria. Por que se fica bem, ali? Que mão é essa, apertada e quente, na qual se aninha o recém-chegado? É a mão de Deus? Não, é a mão da poesia, no interior da qual Mario Quintana escreveu poemas que nos encantam e nos comovem.
Adoro os dois. Já leu "A mulher que escreveu a Bíblia"? Divertidíssimo, envolvente... recomendo. :)
ResponderExcluirTambém adoro o texto em que Quintana se retrata, ao lado. Perguntam-me o porquê de não ser politicamente correta e cortar o cigarro na mão de Quintana, no topo do meu blog (a mesma foto ao lado). Gosto justamente disso (apesar de não curtir cigarro). No nosso "mundinho" o poeta se converterá exatamente em quem é... com suas falhas... tão humanamente perto de toda a gente. Assim, nos aproximamos e andamos lado a lado. Nada de sublimações. Eu e ele. :)