Há poetas, há certos poemas radioativos. São os que, sem querer, vêm operando as transmutações, as mutações humanas. Não eram cogumelos súbitos. Agitava-os o vento shakesperiano de todas as paixões, de todos os cuidados. Não sei se ficamos melhores ou piores: ficamos mais profundos. Mas há, neste mundo, os que sofrem a vertigem das profundezas ou das alturas. Para esses, inclinam-se à beira da estrada umas florinhas silvestres que sempre estão se oferecendo: colhe-me, colhe-nos! E os poetas da planície fazem buquês com elas! Alguns até belíssimos, mas sem perigo algum. Pudera! Eram flores de retórica.
(Porta Giratória)
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