“Porque o reino do poeta... bem, não me venha dizer que não é deste mundo. Este e o outro mundo, o poeta não os delimita: unifica-os. O reino do poeta é uma espécie de Reino Unido do Céu e da Terra.”

Mario Quintana

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Carvalhos e margaridas



Há poetas, há certos poemas radioativos. São os que, sem querer, vêm operando as transmutações, as mutações humanas. Não eram cogumelos súbitos. Agitava-os o vento shakesperiano de todas as paixões, de todos os cuidados. Não sei se ficamos melhores ou piores: ficamos mais profundos. Mas há, neste mundo, os que sofrem a vertigem das profundezas ou das alturas. Para esses, inclinam-se à beira da estrada umas florinhas silvestres que sempre estão se oferecendo: colhe-me, colhe-nos! E os poetas da planície fazem buquês com elas! Alguns até belíssimos, mas sem perigo algum. Pudera! Eram flores de retórica.

(Porta Giratória)

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