Tarde de verão, abafada, ventiladores da redação a mil. O humor dele não está lá essas coisas e eis que chega um daqueles. E acompanhado de uma pasta cheia de poesias. Mario atende, procura ser gentil, mas quem o conhece, como o colega coloca Jayme Copstein, sabe que quer se livrar rápido do visitante. Recomenda que deixe a pasta, que vai dar uma olhada assim que tiver tempo.
- Era isso, né? Tá?
O outro ainda quer conversa, põe as mãos na mesa, fala, faz perguntas, enquanto Mario, impaciente, põe uma lauda na máquina, abre e fecha gavetas, mexe nos papéis. Nem olha mais para o sujeito, esperando que dê o fora.
Mesmo sem ouvir o que o outro dizia, Copstein prepara-se para a reação. E toda a redação do Correio ouve a familiar voz entredentes, mas alta:
- Eu não sei o número do meu telefone! Eu nunca telefonei pra mim!
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